domingo, 24 de julho de 2011

Decidi voltar a escrever. Mesmo que ninguém leia, tenho ao menos a oportunidade de deixar aqui as marcas e os meus sentimentos rabiscados, ou melhor, digitados.

domingo, 4 de julho de 2010

Maldito sentimento!

Pensei que poderia escapar
Deste maldito sentimento
Que tarda a me consumir!
Há tempos não o sentia,
Sequer lembrava que este existia!
Ele estava apenas em minha memória,
triste, adormecidamente solitário.

Até te encontrar...
E relembrar, redescobrir
A alegria e a dor que é sentir
A Paixão queimar em um coração
Machucado, torturado
E, neste momento,
Terrivelmente! apaixonado.

Maldito sentimento!

Pensei que poderia escapar
Deste maldito sentimento
Que tarda a me consumir!
Há tempos não o sentia,
Sequer lembrava que este existia!
Ele estava apenas em minha memória,
triste, adormecidamente solitário.

Até te encontrar...
E relembrar, redescobrir
A alegria e a dor que é sentir
A Paixão queimar em um coração
Machucado, torturado
E, neste momento,
Terrivelmente! apaixonado.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

A angústia da Espera

Decidi publicar eu mesma, a minha primeira análise letrária.Péssima, mas é minha.

Leito de folhas verdes

Por que tardas, Jatir, que tanto a custo
À voz do meu amor moves teus passos?
Da noite a viração, movendo as folhas,
Já nos cimos do bosque rumoreja.

Eu sob a copa da mangueira altiva
Nosso leito gentil cobri zelosa
Com mimoso tapiz de folhas brandas,
Onde o frouxo luar brinca entre flores.

Do tamarindo a flor abriu-se, há pouco,
Já solta o bogari mais doce aroma!
Como prece de amor, como estas preces,
No silêncio da noite o bosque exala.

Brilha a lua no céu, brilham estrelas,
Correm perfumes no correr da brisa,
A cujo influxo mágico respira-se
Um quebranto de amor, melhor que a vida!

A flor que desabrocha ao romper d'alva
Um só giro do sol, não mais, vegeta:
Eu sou aquela flor que espero ainda
Doce raio do sol que me dê vida.

Sejam vales ou montes, lago ou terra,
Onde quer que tu vás, ou dia ou noite,
Vai seguindo após ti meu pensamento;
Outro amor nunca tive: és meu, sou tua!

Meus olhos outros olhos nunca viram,
Não sentiram meus lábios outros lábios,
Nem outras mãos, Jatir, que não as tuas
A arazóia na cinta me apertaram.

Do tamarindo a flor jaz entreaberta,
Já solta o bogari mais doce aroma
Também meu coração, como estas flores,
Melhor perfume ao pé da noite exala!

Não me escutas, Jatir! nem tardo acodes
À voz do meu amor, que em vão te chama!
Tupã! lá rompe o sol! do leito inútil
A brisa da manhã sacuda as folhas!



O poema remete uma declaração de amor, aliada à angústia da espera do amado. Há a descrição dos sentimentos do eu-lírico feminino, que se inicia com a chegada da noite e termina ao amanhecer. Tal situação, confirma o gênero lírico pois são tratados essencialmente:

A expressão de emoções e disposições psíquicas:

“ Meus olhos outros olhos nunca viram,
Não sentiram meus lábios outros lábios,
Nem outras mãos, Jatir, que não as tuas
A arazóia na cinta me apertaram.”

A cristalização da vivência do Eu de encontro com o mundo:

“ Por que tardas, Jatir, que tanto a custo
À voz do meu amor moves teus passos?
Da noite a viração, movendo as folhas,
Já nos cimos do bosque rumoreja.”

O poema, escrito pelo primeiro grande poeta do Romantismo brasileiro, Gonçalves Dias, tem a temática nacionalista e indianista, que caracteriza grande parte de sua obra. Esta, além da vertente indianista, apresenta também a lírica amorosa.
A vertente nacionalista do Romantismo brasileiro apresenta como base ideológica o culto à natureza, o regionalismo e lingüística e cultura comprometidas com o local. Isso se confirma pelas frutas e plantas típicas citadas no poema e palavras pertencentes ao léxico indígena: tamarindo, Tupã, bogari, arazóia, mangueira.
A estrutura do poema consiste em nove estrofes com quatro versos casa uma, resultando em trinta e seis versos. A composição foi feita em decassílabos de ritmo completamente regular: as sextas e as décimas sílabas são tônicas, o que caracteriza os decassílabos heróicos. Entretanto, no que diz respeito à rima, há a ocorrência de versos brancos.

Observa-se o ritmo já no primeiro verso, onde ocorre a aliteração do fonema /t/ acompanhado de /d/, os dois fonemas dentais sugerem a duração psicológica com o passar das horas, no qual a índia se angustia com a demora do amado. Nos demais versos que constituem a primeira estrofe, observa-se a aliteração dos fonemas nasais /m/ e /n/, que se harmonizam com as palavras por serem mais moles e doces, sugerindo a delicadeza feminina.

A aliteração dos fonemas oclusivos /t/, /d/, /p/, /b/, /k/, /g/; dos nasais /m/ e /n/; e das fricativas /f/, /v/, /s/, /z/ e das chiantes /ch/, /j/ prosseguem por todo o poema, exprimindo ansiedade e inquietação. Tal inquietação se firma também pela pontuação empregada: as exclamações e a continuidade das virgulas mostram a intensidade da duração do tempo e a decepção amorosa.

Contribuem também para a sonoridade do poema a assonância de vogais: fechadas (i, u) remeteriam um sentido de dor, desespero, euforia, ironia e desprezo; as vogais frontais (é, e) trariam um sentido de leveza e doçura; e as demais (a, ó, e, ã e) remetem a um sentido de barulho rumoroso; as arredondadas (u, ó e õ) direcionam a um sentido de barulho surdo, raiva, peso, gravidade, idéias sombrias.

Portanto, há uma total correspondência entre ritmo e sentido: todos os recursos rítmicos buscam demonstrar a inquietação, ansiedade, dor, angústia e, sobretudo, a paixão do eu-lírico em relação ao amado.

Assim como as repetições fonológicas (assonância e aliteração), ocorre no poema repetições de sintagmas, que também reforçam a necessidade de o autor marcar o sentido dessas estruturas no poema. O sintagma a seguir, marca o espaço de tempo que vai desde o anoitecer até o amanhecer, tendo em vista que essa flor se abre à noite e se fecha com a chegada do sol.
“ Do tamarindo a flor abriu-se , há pouco”
“ Do tamarindo a flor jaz entreaberta.”
Neste caso, o desabrochar e o fechar da flor condiz com os sentimentos e as esperanças do eu-lírico, que durante a noite está firme e seguro, mas ao chegar o sol, essa esperança vai se apagando, se desfazendo lentamente. Dessa forma, a imagem da noite é descrita pelo evento do desabrochar das flores noturnas que exalam um doce perfume.
O movimento da natureza também é uma metáfora para os sentimentos da personagem como pode-se ver em:
“Onde o frouxo luar brinca entre flores.”

Os versos que compõem a segunda estrofe representam uma metáfora dos sentimentos e das emoções do eu-lírico, considerando que ao amanhecer, as flores que durante a noite exalavam um forte perfume, neste momento, seu perfume já não tem a mesma intensidade, ou seja, pode-se comparar a intensidade do aroma noturno com os sentimentos da amada. Isto é, as esperanças que, durante a noite, fortaleciam seu coração estão se desfazendo, contrastando com as esperanças que ela nutria ainda durante a noite, momento em que seu coração se sentia mais esperançoso e forte, tal qual o perfume das flores.
Confirma-se durante todo o poema, a idealização do amor, mas não o fim da esperança, pois trata-se de um leito de folhas verdes. Neste contexto, a cor verde, além de representar a cor da esperança em determinadas culturas, poderia aqui representar a duração da espera pelo amado: as folhas ainda estão verdes, portanto o eu-lírico estaria disposto a esperar mais tempo.

domingo, 13 de junho de 2010

Meu coração quando te vê.

Aquele antes tão morto
Agora parece não mais titubear.
Antes tão adormecido e tão só,
Parece que do meu peito,
A qualquer momento,
Saltará.

Bate bate, muito forte
Na ânsia de econtrar-te.
No momento em que te vejo,
Saltos desesperados!
Na tentativa de tocar-te.

É tudo que sinto,
Quando passas.

sábado, 5 de junho de 2010

correr, fugir, esquecer.

Quero fugir.
Para algum lugar, qualquer lugar!
Onde eu possa te esquecer,
Onde eu possa me encontrar.

sábado, 22 de maio de 2010

A Resposta

Quando muito jovem, pensou
Naquilo que nunca em seus pensamentos
Poderia passar.
Era ela um um sonho?
Um sonho que passará.

Quando muito jovem,
Quis aquilo que não poderia ter
Pensou aquilo que nunca se há de dizer:
Desejos e vontades estranhas
Por alguém que em sua vida acabara de aparecer.

Pela janela a via passar
Durante todos os dias assistia
O deslizante jeito como ela andava,
A forma intrigante como ela se vestia,
A dissimulação com a qual ela sorria,
O misterioso e agradável jeito como ela o enfeitiçava.

O medo tomou-o então.
O medo do claro, do incerto...
O medo do novo, do o medo de
Não ser forte para disfarçar...
O seu desejo, já inutilmente escondido .

Ela tinha um deslizante andar
Um rosto lindo, reluzente...
E idéias cintilantes às quais ele
Adorava questionar.

Ele tinha um sorriso arrasador,
Um olhar conquistador...
Jogava com palavras e assim a conquistou.

Quando se deu conta,
Ele e Ela, anteriormente separados
Passaram a Eles, secretamente ligados.
O que mais temiam então aconteceu:
Deram-se conta de que uma paixão surgiu,
Uma paixão insana, ardente,
Completamente louca e inconseqüente.

A ciência da impossibilidade
Da existência de um ‘Nós’,
Plantou nos pobres corações
Sementes de Angústias, Remorsos,
Dores e Frustrações.

Tão juntos, mas tão separados
Tão distantes fisicamente,
Porém tão enlaçados sentimentalmente...
E, secretamente, por seus olhares eternamente ligados.

Ele e ela, a esta altura Eles,
Preferem crer que o momento presente
Em um segundo torna-se passado.
Aquilo que se sente, é algo errado...
E em alguns segundos passará...

Vai passar, vai passar.
Como as águas de um rio,
Como uma chuva de verão,
‘Eles’ irá passar,
Voltarão a ser Ele e Ela.
Mas o prosseguirão, para sempre
Pensando que tudo o que se sentiu
Foi, triste e deliciosamente, em vão.